sexta-feira, 15 de abril de 2011

Igreja Católica chamada a ser «criativa» na transmissão da sua mensagem

Guarda, 15 Abr 2011 (Ecclesia) – O presidente da Equipa Europeia de Catequese, frei Enzo Biemmi, afirmou hoje na Guarda que a Igreja Católica deve ser “criativa” na transmissão da sua mensagem, promovendo uma “mudança de paradigma” nesta área específica.

Falando esta manhã no 50.º Encontro Nacional da Catequese, que decorre até sábado, frei Enzo Biemmi disse que os catequistas devem abandonar uma acção de “enquadramento”, apresentando uma proposta “missionária, iniciática, secular”.

Numa intervenção intitulada «A catequese e os catequistas face aos desafios da secularização», este responsável defendeu “uma passagem da linguagem, da organização e da proposta intraeclesial a uma linguagem laica, a uma desorganização da nossa pastoral autorreferencial com vista a uma reorganização sobre os tempos e os ritmos da vida humana”.

“A situação de secularização que atravessa toda a Europa coloca grandes desafios à comunidade eclesial na tarefa de evangelização que lhe foi confiada pelo Senhor Jesus”, alertou, falando num “verdadeiro êxodo para a comunidade cristã”.

Neste contexto, Biemmi considerou fundamental “uma proposta da fé que toque as necessidades da vida das pessoas”.

“No horizonte de um cristianismo da graça, numa lógica de liberdade, de gratituidade, de maternidade, após a longa estação de catequese de enquadramento, abre-se na Europa a época de um anúncio no registo da surpresa”, indicou.

Para o presidente da Equipa Europeia de Catequese, “este anúncio não selecciona: todo o homem, toda a mulher é digna de Deus, é objecto da sua atenção graciosa”.

Este responsável elevou “quatro situações” na relação dos europeus com a fé cristã, que passam, diferenciadamente, pela “rutura”, a “continuidade sociológica parcial”, a “continuidade individual e ritual” e a “indiferença serena”.

Enzo Biemmi sublinhou que estas situações colocam desafios à catequese, “que pressupõe a escolha fundamental e explica os conteúdos e as atitudes” da fé.

“Numa cultura de secularização, de globalização, de comunicação planetária, nem a família, nem a escola, nem a aldeia levam a cabo a iniciação sociológica à fé cristã”, precisou.

O especialista advogou, por isso, que se passe de “uma catequese reservada às crianças para uma que torne o adulto no sujeito e destinatário principal da catequese, mesmo no caso da catequese das crianças”.

À Igreja, declarou Biemmi, compete “reaprender a anunciar o Evangelho sobre as situações de vida das pessoas, sobre as passagens das suas vidas, sobre o que as faz viver, sofrer, ter  esperança”.

“Há que anunciar um evangelho do amor, um evangelho da paternidade e da maternidade, um evangelho da paixão e da compaixão, um evangelho da fragilidade afectiva e física, um evangelho da ressurreição no coração de qualquer experiência de morte”, acrescentou.

Os trabalhos deste congresso podem ser acompanhados através da página da Comissão Episcopal da Educação Cristã na Internet (http://www.educris.com/) ou através da rede social Facebook, no Fórum EMRC. e no Twitter (http://twitter.com/forumemrc).

Entretanto, já se encontram disponíveis, para visualização, as conferências do primeiro dia de trabalhos, em formacao.educris.com (é necessário registo).

OC

Responsáveis discutem desafios contemporâneos para a transmissão da fé

Guarda, 15 Abr 2011 (Ecclesia) – A discussão sobre os desafios que hoje se colocam à transmissão da fé, dentro das comunidades católicas, está a marcar os trabalhos do 50º Encontro Nacional da Catequese, que decorre na Guarda de 14 a 16 de Abril.

O padre António Moiteiro Ramos falou aos participantes sobre «Os catecismos em Portugal – um percurso de propostas educativas», num olhar sobre a história desta realidade, desde a sua organização paroquial aos livros que condensam o essencial da doutrina cristã.

Este especialista fala numa “viragem na compreensão de Deus aprendida nos catecismos portugueses”, por influência do fenómeno de Fátima e da vivência dos pastorinhos, particularmente o beato Francisco Marto.

Esta mudança, acrescentou, contribuiu decisivamente para que em 1988 a iniciação cristã, em Portugal passasse a contar “com um plano nacional de dez catecismos”.

No final da sua intervenção o padre Moiteiro indicou que, num novo contexto como o actual, os catecismos “devem utilizar uma teologia narrativa e proporcionar aos catequizandos uma autêntica experiência religiosa”.

Noutra conferência, Maria Luísa Boléo recordou o surgimento do Secretariado Nacional de Catequese (SNEC), criado em Abril de 1952, na sequência de um encontro em Coimbra, dois anos antes, com representação de quase todas as dioceses do país.

Para esta responsável, desde esses tempos primordiais até aos nossos dias “a catequese passou por profundas transformações a diversos níveis: metodologia, linguagem, conceito de destinatários e a sua própria finalidade”.

O encontro, baseado na frase «Sereis minhas testemunhas», atribuída a Cristo no livro bíblico dos Actos dos Apóstolos, inclui a participação do frei Enzo Biemmi, presidente da Equipa Europeia de Catequese, que hoje profere duas conferências.

SNEC/OC